Ana mamou desde o primeiro momento de vida e
exclusivamente até os 6 meses.
Sempre em livre demanda, inclusive à noite.
Sempre sonhei com um desmame natural,onde ela fosse a protagonista e
decidisse não mamar mais.
Mas infelizmente não pude esperar a decisão da minha filha. Andei observando
a Ana e percebendo ela totalmente dependente de mim para dormir e para se sentir bem e senti que
isso
não estava fazendo bem para ela. Andei lendo alguns comentários sobre desmames
na internet e não queria ter a sensação de muitas mães que relatavam sentir
raiva, sugada, sem querer amamentar.
Amamentar sempre foi um prazer enorme prá mim; nunca tive vergonha onde quer
que estivesse e achava um momento mágico e único de nós duas.
Então decidi pelo desmame. Sabia que não seria fácil, mas não queria que
trouxesse traumas e marcas desagradáveis de uma experiência de quase 2 anos tão
rica e importante para nós duas. Conheço gente que pintou o peito de vermelho,
enfaixou, passou própolis; só para dizer que o mamá estava dodói. Tinha certeza
que não queria isso para nossa experiência.
Aproveitei que as férias chegavam e como minha mãe ia para Conceição do Mato
Dentro, resolvi que a Ana iria junto com ela. Conversei com a vovó que adorou a
ideia e vibrou com a possibilidade de ficar sozinha com a neta. Seria uma
experiência nova para a Ana; férias, primos, roça e dormir sem mamar. E nova e
dolorida prá mim; dormir após quase 2 anos sem minha pequena.
E pasmem, foi muito tranquilo. Ela aprendeu a dormir sozinha e acordou
poucas vezes durante a noite. Quando me chamava ou pedia mamá, a vovó dizia que
o mamá tinha acabado e que a mamãe não estava.
Fiquei quase 1 semana longe dela e quando a encontrei ganhei um lindo
abraço de saudade. Ela encostou a mão no meu peito e pediu, quando disse que
tinha acabado, virou-se para o lado e dormiu.
Durante o final de semana, pediu algumas vezes, pediu para ver e se
contentou com a resposta de que havia acabado.
A hora do sono já é bem mais tranqüila, ainda dependendo de mim, mas melhorou muito em sua qualidade.
Ela gosta de se deitar em cima de mim assim como fazia quando mamava, gosta de
pegar
no peito, fazer carinho e dormir pertinho.
Da minha experiência, posso dizer que quando a gente vive as coisas com
naturalidade, com presença, curtindo o momento e sem querer apressar coisa
alguma, fica mais tranquilo encarar os fins, as transições, as despedidas.
Decidimos pelo desmame na hora certa para ela, muito mais que para mim que
ainda estaria amamentando. E minha menina continua crescendo linda, esperta e
cheia de vida. Ainda hoje, beija os dois peitos e me presenteia com um
“Ti lindo mamãe, “Qui Bulito”, enquanto passa a mão nos dois.
Fico aqui, morrendo de saudade de oferecer meu peito para minha pequena, mas
a sabedoria materna me diz que tomei a decisão certa.